Deiscência do Canal Semicircular Superior
A deiscência do canal semicircular superior foi descrita por Minor et al. (1998). As deiscências de canal semicirculares são mais comuns no canal superior; no canal lateral são mais atribuídas à otite media crônica e ao colesteatoma; já no canal posterior são raras e costumam estar associadas ao canal superior. Estima-se que a prevalência de deiscência completa do canal semicircular superior seja de 0,7% na população geral, enquanto 1,3% possuem a camada óssea sobre o canal com menos de 0,1 mm. Já nos estudos de ossos temporais, Stimmer et al. encontraram deiscência de canal semicircular em 9,6% dos ossos temporais, com 8% no canal superior, 1,2% no canal posterior e 0,4% no canal lateral. A grande maioria dos pacientes apresenta nistagmo vertical e torcional provocado por estímulos sonoros intensos (100 a 110 dB NA). Qualquer dessas deiscências ósseas formam uma “terceira janela móvel” no ouvido interno e manifestações vestibulares e/ou auditivas subsequentes. Possíveis sintomas auditivos de deiscência do canal incluem autofonia, plenitude aural, perda auditiva e zumbido pulsátil. Após o exame de audiometria tonal, a alteração mais frequentemente encontrada entre os pacientes sintomáticos é perda auditiva condutiva ou mista, com gap aéreo-ósseo de 5-10 dB em duas ou mais frequências (principalmente nas perdas graves), com reflexos acústicos preservados à timpanometria e resposta ao exame de potencial miogênico evocado vestibular (VEMP) com diminuição do limiar. Rauch et al. Demonstraram maior sensibilidade do VEMP com uso de estímulo de tone burst, principalmente a 500 Hz. O diagnóstico é confirmado por meio de tomografia computadorizada de ossos temporais de alta resolução. É recomendável utilizar cortes de 0,5 mm e reconstrução das imagens no plano do canal semicircular superior. O tratamento permanece controverso podendo-se utilizar sintomáticos. Para os casos bem definidos, o tratamento cirúrgico pode ser realizado com duas técnicas principais: oclusão total (plugging) do canal superior e reconstrução de camada sobre o canal utilizando fáscia e osso cortical, por via fossa craniana médio ou transmastóide.