Nervo Facial

Nervo Facial

Espasmos, fraqueza ou paralisia da face é um sintoma de algum transtorno envolvendo o nervo facial. O transtorno pode ser causado por muitas doenças diferentes, incluindo distúrbios circulatórios, lesão, infecção ou tumor.

Os transtornos do nervo facial são às vezes acompanhados por um comprometimento auditivo. Essa deficiência pode estar relacionada ou não a um problema do nervo facial.

FUNÇÃO DO NERVO FACIAL

O nervo facial lembra um cabo telefônico e contém centenas de fibras nervosas. Cada fibra carrega impulsos elétricos para um determinado músculo facial. Ao agir como uma unidade, esse nervo permite o movimento dos músculos faciais. Cada um dos nervos faciais não apenas carrega impulsos nervos aos músculos de um lado da face, mas também carrega impulsos nervosos para as glândulas lacrimais, glândulas salivares, para o músculo de um pequeno ossículo do ouvido médio (estribo) e transmite fibras gustativas para a parte da frente da língua. Assim, um transtorno do nervo facial pode resultar em espasmos, fraqueza ou paralisia facial, ressecamento dos olhos ou da boca, perda da gustação e, às vezes, aumento da sensibilidade para sons altos e dor na orelha.

Após deixar o cérebro, o nervo  entra no osso temporal (osso do ouvido) através de um pequeno tubo ósseo (o canal auditivo interno) em conjunto com os nervos da audição e do equilíbrio. Durante seu curso pelo osso temporal, o nervo facial se separa em diversas ramificações: glândula lacrimal, ao músculo do estribo, à língua e glândulas salivares e ao canal auditivo.

DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS DO NERVO FACIAL

Uma anormalidade da função do nervo pode ser resultado de mudanças na circulação, infecções, tumores ou lesões. Pode ser necessária uma avaliação externa para determinar a causa do transtorno e localizar a área do envolvimento do nervo.

Teste auditivo
Os testes auditivos são realizados para determinar se o transtorno do nervo envolve o delicado mecanismo auditivo. Quando a face é totalmente paralisada, testes auditivos especiais (audiometria de resposta auditiva do tronco cerebral e testes de reflexo acústico) podem ser necessários para localizar a área com problemas.

Radiografias
. Em alguns casos, pode ser necessário obter estudos especiais, como tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética nuclear (RMN).

Teste de lágrima
Um teste da habilidade do olho de lacrimejar é frequentemente necessário para determinar a localização do envolvimento do nervo facial.

Teste de Equilíbrio
Uma eletronistagmografía (ENG) – teste dos canais de equilíbrio – é aconselhada em alguns casos para esclarecer a causa ou localização do transtorno do nervo facial.

Testes elétricos
Há três testes elétricos da função do nervo facial que podemos usar: teste de excitabilidade do nervo, eletroneuronografia e eletromiografia.

Teste de Excitabilidade Nervosa
O teste de excitabilidade do nervo facial ajuda a determinar a extensão do dano na fibra nervosa em casos de paralisia total. O teste pode ser normal apesar da paralisia, indicando uma melhor perspectiva para retorno da função. Nesses casos, o teste de excitabilidade pode ser repetido todos os dias ou para detectar alguma mudança que indicaria a deterioração progressiva.

Eletroneurografía
A eletroneurographia envolve o uso de um computador para medir a resposta do músculo para estimulação elétrica do nervo facial. Eletrodos para registro são colocados na face e o nervo facial é estimulado com pequenas correntes elétricas. As contrações musculares são registradas em computador.

Eletromiografia
A eletromiografia pode ser indicada em casos de paralisia de longa data. Esse teste nos ajuda a saber se o nervo e os músculos estão se recuperando.

CAUSAS

Paralisia de Bell
A condição mais comum que resulta em fraqueza do nervo facial é a paralisia de Bell, em homenagem a Sir Charles Bell, que primeiro descreveu a condição. A causa subjacente da paralisia de Bell não é conhecida, mas pode ser causada por uma infecção viral do nervo. Sabemos que o nervo incha no canal ósseo estreito. Esse inchaço resulta em pressão nas fibras nervosas e vasos sanguíneos. O tratamento é direcionado na diminuição do inchaço e restauração da circulação, de modo que as fibras do nervo voltem a funcionar normalmente. Às vezes, a função normal não é restaurada.

Herpes Zoster Oticus
Uma condição similar à paralisia de Bell é a herpes zoster oticus do nervo facial. Nessa condição, não é apenas uma fraqueza facial, mas também perda auditiva frequente, instabilidade e vesículas nas orelhas. Esses sintomas geralmente diminuem espontaneamente.

LESÕES DO NERVO FACIAL

A causa mais comum da lesão do nervo  é uma fratura no crânio. Essa lesão pode ocorrer imediatamente ou pode se desenvolver alguns dias depois devido a um inchaço do nervo.

Pode ocorrer uma lesão no nervo da face por cirurgias na orelha. Essa complicação, felizmente, é muito rara. Pode ocorrer, porém, quando o nervo não está na sua posição anatômica normal (anormalidade congênita) ou quando o nervo está tão distorcido pelo mastoide ou doença na orelha média que pode não ser identificável. Em raros casos, pode ser necessário retirar a parte do nervo para erradicar a doença.
Em problemas mais complicados na orelha, como tumores dos nervos auditivos e do equilíbrio, o nervo facial pode estar lesionado e às vezes o nervo deve ser cortado para permitir a retirada completa do tumor.

TUMORES

Neurinoma do Acústico
O tumor mais comum que envolve o nervo é um tumor benigno do nervo da audição e do equilíbrio, o neurinoma do acústico. Embora raramente haja alguma fraqueza da face antes da cirurgia, a retirada do tumor às vezes resulta em fraqueza ou paralisia. Essa fraqueza geralmente diminui em alguns meses.
Pode ser necessário retirar a parte do nervo facial para retirar o tumor acústico. Pode ser possível suturar as terminações nervosas no momento da cirurgia ou inserir um enxerto de nervo. Às vezes, um procedimento de anastomose do nervo é necessário posteriormente, ligando o nervo da língua ao nervo facial (anastomose hipoglosso-facial). Em ambos os casos, a face é totalmente paralisada até o nervo crescer novamente (6 a 15 meses).

Neuroma do nervo facial
Uma massa fibroide não maligna pode crescer no próprio nervo facial, produzindo uma paralisia do nervo facial gradualmente progressiva. A retirada desse neuroma do nervo facial requer o corte do nervo facial. Geralmente, é possível fazer o enxerto nesse momento com um nervo que dá sensibilidade da pele do pescoço. A paralisia total será presente até o nervo crescer novamente, geralmente em um período de 6 a 15 meses. Haverá certa fraqueza facial permanente.
Quando a parte do nervo  mais próxima do cérebro é destruída pelo tumor, um procedimento de anastomose do nervo hipoglosso-facial é necessário.

A retirada de um neuroma do nervo facial pode precisar da retirada de estruturas da orelha interna. Se for necessário, resultará em uma perda total da audição na orelha operada e tontura grave temporária. É raro haver instabilidade persistente.

FRAQUEZA DO NERVO FACIAL APÓS A OPERAÇÃO

Fraqueza prolongada ou paralisia da face após cirurgia reconstrutiva na orelha média (miringloplastia, timpanoplastia, estapedectomia) é rara, mas ocorre às vezes devido a inchaço do nervo durante o período de cura. Felizmente, esse tipo de fraqueza do nervo facial geralmente diminui espontaneamente em algumas semanas e raramente outra cirurgia é necessária.

INFECÇÃO NA MASTOIDE

Infecções agudas ou crônicas na orelha média às vezes causam fraqueza da faze devido ao inchaço ou pressão direta do nervo. Em infecções agudas, a fraqueza geralmente diminui quando a infecção é controlada e o inchaço em volta do nervo diminui.

A fraqueza do nervo facial que ocorre em orelhas cronicamente infeccionadas geralmente se deve à pressão de um colesteatoma (cisto revestido por pele). A cirurgia na mastóide é realizada para erradicar a infecção e aliviar a pressão no nervo. Uma certa fraqueza facial permanente pode continuar.

ESPASMO HEMIFACIAL

O espasmo hemifacial é uma doença rara que resulta em contrações espasmódicas de um lado da face. Às vezes é necessária uma investigação extensa para estabelecer o diagnóstico corretamente.

O espasmo hemifacial é causado pela pressão de um vaso sanguíneo no nervo facial próximo ao cérebro. O deslocamento do vaso sanguíneo a partir do nervo facial é possível por meio de uma abordagem retrosigmoidea.

Nessa operação, a área entre o cérebro e a orelha interna é exposta com a retirada do osso da mastóide atrás da orelha interna. As complicações relacionadas com essa cirurgia são iguais às estabelecidas para a abordagem da fossa média.

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Distúrbios circulatórios do sistema nervoso podem causar paralisia do nervo da face. O exemplo mais comum é o acidente vascular cerebral. Em oposição a outras condições listadas aqui, um acidente vascular cerebral geralmente tem muitos outros sintomas que indicam a causa do problema. O tratamento é administrado por um internista, neurologista ou neurocirurgião.

CUIDADO COM OS OLHOS

A complicação mais séria que pode se desenvolver como resultado da paralisia total do nervo facial é uma úlcera de córnea. É muito importante que o olho no lado envolvido seja protegido dessa complicação.

Fechar o olho com o dedo é um modo eficaz de manter o olho úmido. Deve-se usar a parte anterior do dedo, e não a ponta, para assegurar que o olho não seja lesionado.
Deve-se usar óculos sempre quando estiver ao ar livre. Isso ajuda a evitar que partículas de poeira se depositem nos olhos.Se o olho estiver seco, pode se aconselhar o uso de lágrimas artificiais. As gotas devem ser usadas quantas vezes for necessário para manter o olho úmido. Pomadas podem ser receitadas para serem usadas na hora de dormir.

Às vezes, é necessário fechar a pálpebra com uma fita. É melhor que um familiar faça isso para assegurar que o olho esteja bem fechado e não será lesionado pela fita.

Se a fraqueza facial for antecipada após a cirurgia, às vezes um fio de seda colocado na pálpebra para ajudar a fechá-la. Quando o fechamento da pálpebra é adequado, o fio é facilmente retirado.

Em alguns casos de paralisia duradoura, pode ser necessário inserir uma mola de fechamento na pálpebra ou executar outro procedimento para ajudar o fechamento da pálpebra.