Surdez no Adulto

Surdez no Adulto

Surdez no Adulto – Introdução

A perda auditiva é um problema que pode acometer indivíduos de todas as idades. A perda auditiva relacionada à idade é conhecida como presbiacusia. Caracteriza-se por perda auditiva lentamente progressiva, bilateral, mais acentuada nas frequências altas do audiograma. É causa de isolamento social e perda de autonomia, associado à ansiedade, depressão e declínio cognitivo no idoso. A determinação da etiologia da perda auditiva é fundamental para a determinação do prognóstico e do tratamento, que pode envolver medidas comportamentais, clínicas, cirúrgicas e/ou reabilitação com amplificação sonora. A disacusia congênita é a constatação da perda auditiva, parcial ou total, ao nascer ou nos primeiros dias após o nascimento. Na criança, pode ser confundida com quadro de déficit de atenção e hiperatividade, podendo estar associada a prejuízo no desempenho escolar, troca de fonemas e/ou atraso no desenvolvimento da fala. Quando bilateral, permanente e igual ou maior que 40 dB NA, apresenta grande impacto no desenvolvimento da linguagem. Sua etiologia é variada e pode apresentar causas genéticas e não genéticas (ambientais). A existência desses fatores ambientais define o conceito de que surdez congênita não é sinônimo de surdez genética, pois esta pode manifestar-se a qualquer momento no desenvolvimento da criança, inclusive na idade adulta, mas também merece os cuidados de atenção primária à saúde. As perdas de origem genética permitem uma subclassificação em sindrômicas e não sindrômicas e compreendem as alterações relacionadas a genes ligados à audição, porém podem ocorrer em outras alterações genéticas sem relação direta com esses genes, mantendo apenas uma relação de associação ou como consequência das alterações produzidas por essas falhas genéticas. Estima-se que cerca de 300 a 500 genes estejam envolvidos nas perdas auditivas sindrômicas e não sindrômicas. Em países desenvolvidos, cerca de 60% dos casos de perda auditiva em geral podem ter origem genética e, no Brasil, o mais provável é que a maioria seja de causas ambientais. Essas diferenças podem ocorrer por situações socioeconômicas adversas entre as nações ou por falhas nos sistemas de notificação.

Surdez no Adulto

Impacto

A surdez no adulto afeta aproximadamente 10% da população, sendo considerada a deficiência mais comum no mundo com um custo estimado de 122-186 bilhões de dólares anuais (nos EUA). O grande custo que temos é humano, basta que levemos em conta a seguinte afirmativa de Helen Keller, surda e cega, que afirmava: “Os problemas da surdez são mais profundos, mais complexos e mais importantes que os da cegueira. A surdez no adulto é o maior infortúnio, a perda do estímulo mais vital: o da voz que nos traz a linguagem, nos desencadeia o pensamento e nos põem em companhia intelectual com os homens “. A perda auditiva, principalmente pré-lingual, pode gerar prejuízos de comunicação, chegando a vida adulta com possibilidades limitadas

O grande impacto evolutivo ocorreu nas últimas décadas por meio da expressiva evolução na eletrônica e da tecnologia. Isso resultou em uma das primeiras aplicações dos transistores e circuitos impressos, os equipamentos de amplificação sonora para tratamento da surdez. Igualmente, a primeira interface bem sucedida de um equipamento com Sistema Nervoso Central foram os implantes cocleares. Portanto, os conhecimentos acerca da surdez neurossensorial se expandiram ao longo da história da humanidade e essa evolução vem contemplando não somente a reabilitação auditiva, mas também as áreas de diagnóstico, tratamento clínico e cirúrgico.

Epidemiologia

Estima-se que 25% da população americana entre 65 e 74 anos e 38% da população maior de 75 anos apresente algum grau de presbiacusia. Com relação à surdez congênita, estima-se que mais de 80% das perdas auditivas permanentes em crianças sejam congênitas, e destas, 42% sejam de origem genética, 29% por fatores ambientais e 26% de causas desconhecidas. Estima-se que cerca de 1% de todos os nascidos vivos sejam carreadores da principal alteração genética responsável pela surdez genética (35delG) e que 11 a 41% das crianças afetadas por surdez neurossensorial tenham alguma malformação de orelha interna visualizada à tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). Nos Estados Unidos da América (EUA), 1 a 3 para cada 1.000 nascidos vivos são afetados por surdez congênita permanente, sendo esta considerada a alteração neurológica mais comum ao nascer naquele país. Mais da metade desses casos são decorrentes de fatores genéticos e, desses, cerca de 70 a 80% se enquadram no grupo das perdas auditivas não sindrômicas. Atualmente, encontram-se envolvidos mais de 200 genes na ocorrência de deficiências auditivas não sindrômicas, e cerca de 100 genes já foram identificados e caracterizados. No Brasil, a frequência de perda auditiva congênita não sindrômica é de aproximadamente 4 para cada 1.000 nascimentos, sendo que 16% destes são de etiologia genética. Alguns dados brasileiros mostram um índice de 0,95 para cada 1.000 nascimentos detectado em um programa de triagem auditiva neonatal. Existem fatores de risco que estão relacionados a uma maior probabilidade de desenvolver surdez no adulto. Com relação a esses fatores relacionados pelo Joint Committee of Infant Hearing (JCIH), de 27,3 a 50% dos recém-nascidos com perda auditiva não apresentam nenhum fator de risco associado, e a prevalência de deficiência auditiva em recém-nascidos provenientes de unidade de tratamento intensivo (UTI) neonatal é de 1 a 4 em cada 100.

FUNÇÃO DA ORELHA NORMAL

Estima-se que 25% dA orelha é dividida em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna. Cada parte realiza uma função importante no processo de audição. A orelha externa consiste no pavilhão auricular e no canal auditivo externo. Essas estruturas reúnem o som e o direcionam para a membrana do tímpano. A orelha média fica entre a orelha externa e a interna e consiste de uma membrana do tímpano e três pequenos ossos da orelha (ossículos): martelo, bigorna e estribo. Essas estruturas transmitem vibrações de som à orelha interna. Assim, agem como transformadores, convertendo vibrações de sons no canal da orelha externa até as ondas de fluido na orelha interna
Na orelha interna, as terminações nervosas da audição e do equilíbrio estão banhados em fluidos. As ondas de fluido iniciadas pelo movimento do osso do estribo estimulam as delicadas terminações nervosas auditivas que por sua vez transmitem um impulso elétrico para o cérebro, onde é interpretado como som.

A população americana entre 65 e 74 anos e 38% da população maior de 75 anos apresente algum grau de presbiacusia. Com relação à surdez congênita, estima-se que mais de 80% das perdas auditivas permanentes em crianças sejam congênitas, e destas, 42% sejam de origem genética, 29% por fatores ambientais e 26% de causas desconhecidas. Estima-se que cerca de 1% de todos os nascidos vivos sejam carreadores da principal alteração genética responsável pela surdez genética (35delG) e que 11 a 41% das crianças afetadas por surdez neurossensorial tenham alguma malformação de orelha interna visualizada à tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). Nos Estados Unidos da América (EUA), 1 a 3 para cada 1.000 nascidos vivos são afetados por surdez congênita permanente, sendo esta considerada a alteração neurológica mais comum ao nascer naquele país. Mais da metade desses casos são decorrentes de fatores genéticos e, desses, cerca de 70 a 80% se enquadram no grupo das perdas auditivas não sindrômicas. Atualmente, encontram-se envolvidos mais de 200 genes na ocorrência de deficiências auditivas não sindrômicas, e cerca de 100 genes já foram identificados e caracterizados. No Brasil, a frequência de perda auditiva congênita não sindrômica é de aproximadamente 4 para cada 1.000 nascimentos, sendo que 16% destes são de etiologia genética. Alguns dados brasileiros mostram um índice de 0,95 para cada 1.000 nascimentos detectado em um programa de triagem auditiva neonatal. Existem fatores de risco que estão relacionados a uma maior probabilidade de desenvolver surdez no adulto. Com relação a esses fatores relacionados pelo Joint Committee of Infant Hearing (JCIH), de 27,3 a 50% dos recém-nascidos com perda auditiva não apresentam nenhum fator de risco associado, e a prevalência de deficiência auditiva em recém-nascidos provenientes de unidade de tratamento intensivo (UTI) neonatal é de 1 a 4 em cada 100.

TIPOS DE COMPROMETIMENTO AUDITIVO

A orelha externa e a orelha média conduzem e transformam o som; a orelha interna recebe o som. Quando há alguma dificuldade na orelha externa ou média, uma alteração auditiva do tipo condutiva ocorre. Quando o problema se encontra na orelha interna, isso resulta em comprometimento auditivo neuro-sensorial. Se houver dificuldade tanto na orelha média quando na interna, tem-se um comprometimento misto.

DESCOBERTAS NO SEU CASO

 Você tem um tipo de alteração condutiva (orelha média).

 Você tem um comprometimento sensorineural (orelha interna ou nervo).

 Você tem um tipo misto de comprometimento.

A audição é medida em decibéis (dB). Um nível de audição de 0 a 25 dB é considerado uma audição normal.
A discriminação normal é de 96 a 100%. Essa medida é uma boa indicação de sua habilidade nas condições mais ideais. Discriminar palavras em ambientes barulhentos é mais difícil.

PERDA AUDITIVA CONDUTIVA

Uma alteração condutiva pode ser resultado de um bloqueio do canal da orelha externa, perfuração na membrana do tímpano, infecção na orelha média ou de uma doença dos três ossos da orelha média. Geralmente, esse tipo de deficiência pode ser corrigido.

Uma pessoa com perda auditiva condutiva pode notar que suas orelhas parecem entupidas ou tapadas. Geralmente fala suavemente, com uma voz bem modulada, porque ouve sua própria voz bem alto. Em geral, ele ouve melhor quando há ruído do que no silêncio. Alimentos crocantes, soam muito alto e a pessoa pode ter de parar de mastigar para ser capaz de ouvir o que está sendo dito. Com esse tipo de comprometimento, ouve-se muito bem no telefone.

Felizmente, o paciente com uma perda auditiva condutiva nunca vai ficar completamente surdo. Sempre conseguirá ouvir, ou por uma cirurgia de reconstrução auditiva ou com o uso de um aparelho auditivo adequado.

PERDA AUDITIVA NEURO-SENSORIAL

Uma perda auditiva neuro-sensorial pode ser resultado de um distúrbio na circulação da orelha interna ou de alteração na transmissão do nervo.

A causa mais comum de comprometimento neuro-sensorial é a degeneração das terminações nervosas em função da idade. Esse tipo de comprometimento é irreversível e raramente leva a surdez profunda.
O paciente com comprometimento auditivo relacionado ao nervo auditivo pode dizer que consegue ouvir as pessoas falando, mas não consegue entender o que estão dizendo. Um aumento na intensidade da fala pode confundir ainda mais. A fala é audível, mas não é clara. Geralmente, a pessoa ouve melhor em lugares silenciosos e pode ter dificuldade em entender o que se diz no telefone. Provavelmente, ouvirá tons graves melhor do que tons agudos e, por isso, pode achar a voz de um homem mais compreensível do que a voz aguda de uma mulher ou de uma criança. Pode não ouvir uma campainha ou o telefone tocando em outro ambiente.

Causas mais comuns de Surdez Neurossensorial: Essa ampliação e qualificação do arsenal audiológico das últimas décadas aumentou a precisão do diagnóstico diferencial da surdez neurossensorial. Segue as principais entidades clínicas envolvidas no diagnóstico diferencial da surdez (será explicitado adiante de forma mais detalhada a surdez congênita e a presbiacusia): Surdez Genética – Autossômica dominante ou recessiva, sendo a forma recessiva mais comum. Pode estar associada a síndromes ou a uma mutação. A perda auditiva pode ser congênita ou de início tardio. Infecções – As causas mais comuns são CMV, rubéola, toxoplasmose, sífilis gestacional ou perinatal. Pode desencadear perda auditiva em graus variados, sendo mais frequentemente congênita e profunda. Presbiacusia – Mais intenso como início do processo de envelhecimento. A intensidade e progressão pode ser influenciada por infeccções, uso de medicamentos, predisposição genética, histórico de exposição ao ruído e comorbidades. A perda auditiva é frequentemente bilateral, simétrica e inicia nas frequencias altas. Pode também ocorrer dificuldade de discriminação sonora em ambientes ruidosos e zumbido concomitante. Doença de Ménière – A hidropsia endolinfática gera distensão do labirinto membranoso em função no comprometimento da homeostase dos fluidos da orelha interna. Pode gerar perda auditiva neurossensorial em baixas frequencias com caráter flutuante com piora dos sintomas auditivos próximo aos episódios de crise vertiginosa. Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – Frequentemente com origem ocupacional em indivíduos suscetíveis e com tempo e intensidade mínima de exposição ao ruído. A perda auditiva inicia em altas frequencias com progressão gradual, simétrica e dificilmente evolui para surdez profunda. Tumores – A maior parte dos tumores com comprometimento auditivo neurosensorial são benignos, especialmente o schwanoma vestibular. A perda auditiva é unilateral ou assimétrica. De forma concomitante podem ocorrer sintomas de zumbido, desequilibrio, cefaleia e hiperstesia facial. Alterações sistêmicas e metabólicas – Diversas entidades clínicas podem desencadear perda auditiva neurossensorial como o diabetes, hiperinsulinismo, aterosclerose, doença vascular periférica, hipertensão, dislipidemia e tireoidopatias. Geralmente a perda auditiva é bilateral, simétrica e lentamente progressiva. Surdez auto-imune – O mecanismo mais conhecido é a deposição de imunocomplexos na orelha interna. Frequentemente está associado a outras doenças auto-imunes sistêmicas. A perda auditiva é bilateral, assimétrica, flutuante e pode ser rapidamente progressiva. Ototoxicidade – Diversos antibióticos aminogicosídeos (gentmicina, estreptomicina, amicacina), quimioterápicos (cisplatina), diuréticos (furosemida) e salicilatos podem causar surdez neurossensorial podendo estar associado a zumbido e a labirintopatia periférica. Neurológica – Algumas entidades (acidente vascular cerebral, esclerose múltipla, arnold-chiari) podem causar surdez neurossensorial, sintomas vertiginosos e um quadro neurológico concomitante (ataxia, fraqueza, disartria, dor facial, cefaléia, instabilidade).

Considerando que são múltiplas diferentes causas de surdez no adulto, optamos aqui por abordar detalhadamente o tema da presbiascusia, que é a principal causa de surdez na população. A presbiacusia é definida como uma deficiência auditiva multifatorial do idoso que o torna incapaz de perceber ou definir sons. É uma condição do tipo neurossensorial, bilateral, simétrica e de progressão lenta. O aumento da expectativa de vida torna as deficiências sensoriais típicas do envelhecimento cada vez mais incidentes, levando os pacientes geriátricos a uma dramática incapacidade social e funcional. Entre os sentidos afetados pelo aumento da idade, a perda auditiva é a deficiência mais comum. A presbiacusia atualmente acomete de 30 a 60% da população geriátrica, sendo a prevalência maior ou menor dependendo das condições socioeconômicas e da idade. Seu grau pode variar de leve a profundo, com maior prevalência do grau moderado. Essa é a causa mais comum de deficiência auditiva em adultos. A presbiacusia pode ser classificada em seis tipos, com base nos resultados dos testes audiométricos e da patologia óssea temporal, estabelecidos por Schuknecht (1993): Sensorial: caracterizada pela perda de células ciliadas da extremidade basal da cóclea, que corresponde às frequências agudas. Em geral, não se estende para outras regiões e é a causa menos importante (incidência de 5% do total de casos de presbiacusia). Neural: quando há uma perda progressiva de neurônios ao longo de toda a cóclea e em vias auditivas centrais que leva a uma dificuldade de reconhecimento de fala. Os seres humanos perdem aproximadamente 2100 dos 35500 neurônios cocleares a cada 10 anos. A perda de 50% ou mais é critério para presbiacusia neural. Metabólico ou Estrial: o principal tipo de presbiacusia, decorrente de uma atrofia irregular da estria vascular da cóclea, principalmente nos giros médio e apical. A perda de 30% ou mais do tecido na estria vascular causa desordem de reciclagem de K+, resultando em uma diminuição no potencial endolinfático e consequente diminuição do limiar auditivo, possível de ser observada em todas as faixas de frequência do audiograma, que apresenta uma configuração plana ou com queda suave em frequências agudas. O reconhecimento da fala é preservado. Condutivo-coclear: Nesse caso, hipoteticamente haveria uma alteração de ressonância do ducto coclear concomitante à redução na elasticidade da membrana basilar. Essa alteração se manifestaria por uma perda auditiva de baixa frequência, com reconhecimento de fala preservado. Mista: combinação de dois ou mais tipos histológicos, demonstrando a sobreposição de traçados audiométricos, com uma perda auditiva suave em declive em direção a alta frequência e um aumento abrupto do limiar nas altas frequências. A perda auditiva em baixas frequências seria causada por uma desordem da estria vascular, enquanto em altas frequências pela perda de células ciliadas externas. Indeterminada: 25% dos casos no estudo de Schuknecht, com traçados audiológicos não correlacionados a achados histológicos. Parece resultar de dano microestrutural nas ligações dos estereocílios e nos canais de transdução eletromecânicos e do comprometimento auditivo central, embora o tecido coclear não demonstre anormalidades na microscopia óptica. A presbiacusia metabólica é a base dos tipos de presbiacusia, uma vez que a perda auditiva de alta frequência está altamente associada à perda do potencial endolinfático e o grau de perda é um fator crucial. Há estudos sugerindo que, no envelhecimento, também é possível observar alterações nos receptores de glutamato (liberados após a despolarização dos neurônios auditivos), além de um aumento no número de proteínas de ligação ao cálcio (parvalbumina, calretinina e calbindina) importantes no processo de degeneração da cóclea. Um declínio das vias centrais próprio do envelhecimento, assim como o declínio na concentração, memória e funções cognitivas também deve ser considerado como fator contribuinte na presbiacusia. Além disso, a genética, o metabolismo e o ambiente do indivíduo ao longo da vida prejudicam, de maneira indeterminada, a audição. A faixa de frequências auditivas humanas usualmente abrangem 20 Hz a 20.000 Hz, com frequências de fala variando de 400 Hz a 5000 Hz, acentuando-se a dificuldade para sua compreensão com acometimento de frequências entre 2000 e 4000 Hz. Em geral, as vogais vibram em frequências inferiores a 1500 Hz e as consoantes 1500 Hz ou mais. Inicialmente a perda auditiva dos idosos costuma se restringir a frequências agudas e os pacientes têm maior dificuldade em ouvir consoantes, tendo prejuízo na compreensão da fala, que se torna murmurada. Com a progressão da doença, ao longo dos anos, as frequências médias e graves também podem ser acometidas. Não existe uma maneira clínica de prever o aparecimento da presbiacusia com antecedência. Ela pode apresentar-se insidiosamente e ser confundida por vários fatores médicos, psicológicos e farmacológicos. Somente após uma história completa, exame e teste audiológico é possível fazer um diagnóstico de presbiacusia, excluindo efeitos médicos e farmacológicos simultâneos. A suspeita de presbiacusia inicia em caso de queixa de dificuldade auditiva a partir dos 60 anos de idade, por parte do próprio paciente ou por terceiros. É comum que o paciente ouça, mas não entenda e tenha dificuldade em localizar a fonte sonora, usar o telefone, ouvir o rádio e a televisão. A dificuldade pode ser maior para ouvir e compreender mulheres, crianças, sirenes e alarmes, por transmitirem sons tipicamente mais agudos. A deficiência auditiva causa prejuízo de comunicação e de interação social, fazendo do paciente um perigo para si e para os outros, podendo levar a quadros depressivos, além de ser um fator acelerador do declínio cognitivo. Pacientes com presbiacusia dependem de pistas de contexto conversacional, emocional e postural para compensar sua deficiência auditiva. Minimizar o ruído de fundo, incentivar a interação face a face, ter uma fala pausada e ensinar os pacientes a reformular e resumir o que ouviram para garantir uma boa compreensão são estratégias que ajudam a melhorar a comunicação. Tratar uma perda auditiva que prejudique a boa comunicação é um requisito para uma interação significativa e envolvente e é um componente crítico do tratamento da demência. Além disso, idosos com deficiência auditiva que usam aparelhos auditivos apresentam menor incidência de depressão. Apesar do impacto da presbiacusia, no entanto, muitas vezes os pacientes seguem sem tratamento, por falta de acesso aos aparelhos auditivos, uso irregular desses ou baixa valorização da perda auditiva pelo próprio idoso, que pode não se perceber e não ser questionado sobre a perda auditiva pelo seu profissional de saúde. Além disso, o primeiro ano após a aquisição do aparelho é um período crítico de adaptação, em que há risco de abandono do tratamento. É imprescindível que o idoso tenha um auxílio (familiar e/ou profissional) para superar as dificuldades de manuseio do aparelho. Questões financeiras, psicológicas e sociais também interferem na pouca adesão e na baixa aceitação dessa deficiência. Nesse contexto, além do tratamento, é importante que haja um trabalho com os familiares, cuidadores, companheiros de trabalho e a sociedade como um todo, por meio de campanhas de conscientização, para que o idoso seja reinserido no convívio social, com mais empatia e menos preconceito.

PERDA DE AUDIÇÃO UNILATERAL

Um comprometimento auditivo que é restrito a uma orelha priva uma pessoa da habilidade de distinguir a direção do som. Também terá dificuldade de ouvir pelo lado comprometido e pode achar difícil entender em um lugar com muito ruído.

Quando o comprometimento é condutivo, a cirurgia geralmente consegue restaurar a audição, fornecendo um melhor equilíbrio auditivo. Quando o comprometimento é neuro-sensorial, é possível restaurar parte desse equilíbrio pelo uso de aparelho auditivo na maioria dos casos.

Em alguns casos, um aparelho pode ser usado na orelha comprometida, mas em outros casos é necessário usar um aparelho auditivo do tipo CROS ou prótese auditiva osteo-ancorada. Trata-se de um dispositivo que recebe o som do lado prejudicado e transmite para a orelha com melhor audição.

MEDIDAS PARA REABILITAÇÃO

Um exame otológico completo por um otorrinolaringologista é necessário para determinar qual o tipo de comprometimento auditivo, sua provável causa e seu tratamento.

O tratamento de escolha pode ser corretivo, preventivo, médico, cirúrgico ou uma combinação desses. Todas as pessoas com perda auditiva devem ter o benefício de uma reabilitação auditiva adequada.
Um programa coerente de reabilitação para pessoas com deficiência auditiva pode incluir leitura labial, treinamento auditivo, conversação e aperfeiçoamento, instrução no uso de um aparelho auditivo e orientação no ajustamento social.

DICAS PARA AMIGOS E PARENTES DAS PESSOAS COM DIFICULDADE DE OUVIR

O indivíduo com um comprometimento auditivo deve, por assim dizer, parar, olhar e escutar para poder ouvir e entender a fala

O que fazer e o que não fazer:

O QUE FAZER:
• Espere até a pessoa com dificuldade na audição consiga ver você antes de falar. É útil tocar a pessoa para obter sua atenção.
• Posicione-se 1 a 2 metros da pessoa ao falar.
• Fale em uma velocidade normal.
• Reduza o ruído no ambiente.
Indique para a pessoa quando houver mudanças no tópico da conversa.
O QUE NÃO FAZER:
• Fale de um ambiente diferente ou enquanto está saindo de costas.
• Fale diretamente na orelha da pessoa. Essas ações distorcem a mensagem e esconde as pistas visuais.
• Grite. Isso pode distorcer a mensagem.
• Mastigue, coma ou cubra sua boca com as mãos enquanto fala.
• Repita a afirmação se não for compreendido. É melhor refazer a afirmação, usando palavras diferentes.

Leitura labial: Não é raro a pessoa com comprometimento auditivo dizer “Não consigo ouvir nada sem meus óculos”. Essa expressão é uma indicação clara de que confia muito na leitura labial.
Muitos usam a leitura labial sem saber que desenvolveram a habilidade. Com o tempo, o ouvinte inconsciente compensa seu comprometimento auditivo obtendo pistas visuais dos lábios e das expressões faciais do falante.
Muitos recebem treinamento formal de tutores que são especialmente preparados nessa área. Qualquer que seja o meio pelo qual a habilidade foi adquirida, é útil que todas as pessoas com surdez consigam ver a face do falante. O falante que sem querer cobre a boca, mastiga um chiclete ou fuma durante uma conversa, priva o ouvinte com surdez de informações visuais valiosas que poderiam aumentar seu entendimento. Hábitos ruins ao se falar não apenas impossibilitam a habilidade de leitura labial do ouvinte, mas também introduzem sons distorcidos. Por outro lado, movimentos labiais excessivamente precisos devem ser evitados porque o movimento exagerado da boca também resulta em distorção da fala.

Atenção: Parentes de pessoas com dificuldade de ouvir costumam dizer: “Ah, ele ouve o que quer ouvir”. Às vezes, uma pessoa consegue ouvir e entender sem dificuldade aparente. Entretanto, sua “boa audição” com frequência resulta em uma situação de escuta ideal em que comunica a uma curta distância, com uma falante articulado, na ausência de ruído. As tentativas de comunicar com ruído ou com pouca articulação ou de outro ambiente na casa com frequência não serão bem-sucedidas. Pessoas com comprometimento auditivo gastam muita energia na tentativa de selecionar as pistas relevantes da fala.

Voz modulada: Uma voz muito alta que é amplificada por um aparelho auditivo torna-se angustiante e às vezes dolorosa ao usuário do aparelho. Se uma pessoa parece ouvir mas não entender, gritar não vai ajudar. Vale a pena lembrar de não diminuir o volume da voz no fim de uma frase;

Enunciado: Deve-se falar com cuidado enquanto não se exagera nas palavras. Exagerar no enunciado também leva à distorção na fala. Lembre-se de que o ouvinte não irá entender todos os sons, mesmo quando forem articulados adequadamente. Um enunciado com deficiências irá reduzir ainda mais a compreensão.

Velocidade: A fala rápida é muito difícil para pessoas com surdez. As palavras faladas duram apenas uma fração de um momento. O cérebro deve identificar rapidamente cada grupo de sons em uma palavra e atribuir um significado. Se grupos de sons (palavras) são utilizadas ao mesmo tempo ou se um som individual for distorcido ou omitido pela fala rápida, então a compreensão do ouvinte é afetada. Como a língua falada é transitória, o ouvinte tem um tempo muito curto para identificar cada palavra. Frequentemente, pessoas com comprometimento auditivo dão uma resposta errada a uma pergunta – não porque não sabem a resposta, mas porque não entenderam a pergunta.

Pistas da fala: A falha na discriminação na fala (inabilidade de entender palavras) é o aspecto mais debilitante da surdez. Como os significados de muitas palavras são perdidos ou não interpretados pelas pessoas com surdez, o falante pode oferecer o maior número de pistas possível para estabelecer o sentido de uma conversa. Usando palavras diferentes para expressar o mesmo pensamento, o ouvinte com surdez recebe mais pistas no contexto da fala. Por exemplo, em vez de dizer, “Você gostaria de ler o jornal?”, você pode dizer, “A Gazeta; você gostaria de ler o jornal?”. Você vai perceber que a perda de algumas das palavras mais importantes é menos crítica quando há outras para indicar a mesma ideia. Entretanto, a interpretação errônea de uma palavra, “jornal”, na primeira frase resulta em uma quebra na comunicação daquela ideia específica.
O comprometimento auditivo é uma deficiência complexa. A tarefa de se ajustar à deficiência de uma pessoa pode ser facilitada ao se lembrar de algumas regras simples. Obtenha a atenção da pessoa com surdez, enuncie claramente e fale alto o suficiente. Não fale muito rápido. Acima de tudo – seja paciente.

LEITURA LABIAL

A leitura labial é uma habilidade que permite que uma pessoa com surdez compreenda melhor um diálogo ao observar atentamente o falante.
Todos nós, com surdez ou não, usamos o sentido da visão e da audição em uma conversa comum. É mais fácil entender se for possível ver as expressões faciais do falante, movimentos labiais e gestos. Um estudo sobre os fundamentos da leitura labial facilitará a conversação e assim irá torná-la mais agradável tanto para o falante como para o ouvinte.
A leitura labial tem suas limitações. Por exemplo, quando a distância entre os falantes é grande ou quando há pouca luz ou a visão é difícil, nem sempre se pode ver os lábios do falante claramente para fazer uma leitura adequada. Algumas pessoas têm barbas, colocam as mãos sobre a boca, ou fumam enquanto falam, dificultando ou impossibilitam a leitura labial.
É importante que a pessoa com dificuldade de ouvir informe sua família, amigos próximos e conhecidos sobre seu problema, de modo que possam evitar o aumento desnecessário da dificuldade de leitura da fala. O leitor deve, por assim dizer, “parar, olhar e escutar” para poder entender o que ouve. É útil indicar isso para a família e para seus conhecidos, para que obtenham a atenção da pessoa com dificuldade de ouvir antes de falar.
A pessoa com dificuldade deve reconhecer características específicas da sua língua. Muitos sons e muitas palavras parecem iguais nos lábios.
A pessoa com dificuldade deve saber que é impossível ver certas palavras nos lábios e por isso ainda irá precisar preencher “lacunas” em palavras e sentenças. Dois terços de todos os sons não são visíveis nos lábios.
A pessoa com surdez pode também prestar atenção no ritmo da conversação. Uma mudança no ritmo é uma grande ajuda para entender o que se diz.
Para dominar a leitura labial, deve familiarizar-se com o “ambiente” de uma determinada situação. Por exemplo, se a pessoa com dificuldade de ouvir é convidada para uma reunião, deve descobrir o máximo possível sobre a ocasião para haver um contexto geral para a leitura labial. Quem vai estar presente? Como se chamam as pessoas que provavelmente vão comparecer? Quais são os interesses desse grupo específico? O que é mais provável que debatam em grupo ou individualmente?
Se a pessoa com dificuldade de audição está alerta para avaliar algumas situações, a leitura labial será mais fácil. Se um policial parar você após passar pelo sinal vermelho, é óbvio o que ele vai lhe dizer. Do mesmo modo, você pode antecipar as observações de um vendedor no balcão ou de um especialista que chegou para consertar o rádio ou a televisão. Quando entra um grupo que já está conversando, pergunte a um amigo sobre o que estão falando. Diz-se frequentemente que a pessoa com problemas na audição precisam se esforçar ainda mais. Isso é verdade no sentido de que precisam estar eternamente alertas para o que está acontecendo.
A pessoa que está aprendendo a ler lábios, aprendendo a usar o aparelho auditivo, ou ambos precisam da ajuda de um profissional treinado para ensinar essas habilidades. Essa ajuda geralmente é disponibilizada em clínicas especializadas em fala e audição de várias universidades. Secretarias de educação para adultos, na maioria das grandes cidades, promovem aulas de leitura labial para adultos. Em outras cidades grandes, secretarias e departamentos especializados promovem aulas de leitura labial e treinamento auditivo para idosos. Certas escolas podem lhe direcionar aos serviços de um professor que é treinado nessas habilidades especiais e que poderá lhe dar aulas particulares.
Muitos livros sobre o tópico de comprometimento auditivo são disponibilizados em bibliotecas públicas. Infelizmente, não se pode ler um desses livros e se tornar um especialista na leitura labial. Com a ajuda da família e de amigos, porém, é possível usar em casa as lições práticas apresentadas nesses livros. Assim, a ajuda profissional deve ser complementada com a ajuda da família.
A televisão pode oferecer um meio limitado de prática de leitura labial em casa. Abaixe o volume e observe os lábios, as expressões faciais e os gestos para interpretar o que está sendo dito. Verifique se sua interpretação está correta com um familiar.

DISPOSITIVOS DE COMUNICAÇÃO ASSISTIDA

Indivíduos com surdez podem resolver muitos de seus problemas de comunicação com um aparelho auditivo adequadamente ajustado em cada orelha. Algumas pessoas não querem usar aparelhos, mas precisam de ajuda no telefone, no rádio, na televisão e para ouvir a campainha ou o alarme.

AMPLIFICAÇÃO DO TELEFONE COM O APARELHO AUDITIVO

Muitos aparelhos auditivos fornecem um botão para o telefone ou “T”. Quando o botão é movido para a posição “T”, o microfone é desligado e a bobina de indução dentro do aparelho auditivo é ativada. Colocar o receptor do telefone perto do aparelho auditivo permite a amplificação da conversa no telefone sem a interferência de ruídos do ambiente.

AMPLIFICAÇÃO DO TELEFONE SEM O APARELHO AUDITIVO

Há muitos amplificadores de telefone projetados para indivíduos com surdez que não usam aparelhos ou que querem ter uma amplificação adicional.

Amplificadores portáteis: Um leve amplificador portátil pode ser carregado no bolso ou na bolsa e colocados diretamente no receptor do telefone. É usado com pilhas e é conveniente para quem viaja ou usa telefones diferentes.
Aparelho para controle do volume: Um aparelho para controle do volume é um receptor de telefone padrão equipado com um botão que pode ser usado para ajustar o volume de futuras mensagens.
Amplificador Modular: Um amplificador modular pode ser instalado facilmente em qualquer telefone padrão modular de mesa. O volume pode ser ajustado com um controle e não requer pilhas.

DISPOSITIVOS TELEFÔNICOS PARA SURDOS

Há muitos amplificadores de telefone projetados para indivíduos com surdez que não usam aparelhos ou que querem ter uma amplificação adicional.

Amplificadores portáteis: Um leve amplificador portátil pode ser carregado no bolso ou na bolsa e colocados diretamente no receptor do telefone. É usado com pilhas e é conveniente para quem viaja ou usa telefones diferentes.
Aparelho para controle do volume: Um aparelho para controle do volume é um receptor de telefone padrão equipado com um botão que pode ser usado para ajustar o volume de futuras mensagens.
Amplificador Modular: Um amplificador modular pode ser instalado facilmente em qualquer telefone padrão modular de mesa. O volume pode ser ajustado com um controle e não requer pilhas.

ESCUTAR A TELEVISÃO E O RÁDIO

Um grande problema para indivíduos com surdez é escutar a TV em um volume confortável sem incomodar a pessoa com audição normal. Além disso, há o problema da compreensão comprometida. Existem dispositivos baratos e caros para resolver esses problemas, com ou sem aparelhos auditivos.

Sistema infravermelho: O sistema infravermelho é o mais caro, mas é aquele com maior fidelidade. É usado em muitos teatros e auditórios e é disponibilizado para uso em residências.
O sistema requer um transmissor que é conectado no interruptor na parede e colocado na televisão. O microfone acoplado é posicionado para recolher o som do alto-falante da TV. Esse transmissor converte os sinais de som em ondas infravermelhas (feixes de luz invisíveis). O receptor converte as ondas infravermelhas em som amplificado. O receptor pode ter a forma de um fone de ouvido sem fio ou um receptor para ser usado com um aparelho auditivo. Diversos receptores podem ser usados com um transmissor. Todos os receptores têm controles de volume individuais e são carregados com baterias recarregáveis.

Fones de ouvido e alto-falantes: Fones de ouvido e alto-falantes são dispositivos baratos conectados na televisão e colocados próximo ao ouvido. O ouvinte controla o volume de modo independente do controle do volume da TV
Rádio com emissoras de TV: Trata-se de um rádio relativamente barato que sintoniza emissoras de TV. O ouvinte pode usá-lo em qualquer lugar e ajustar o volume independente da TV

DISPOSITIVOS COM ALARMES

Pessoas com comprometimento auditivo podem ter dificuldade em ouvir certos sinais auditivos, como o telefone, a campainha, o alarme ou o detector de fumaça; Pode ser útil amplificar o alarme ou substituir outro som que seja facilmente ouvido. Também são disponibilizados dispositivos com alarmes que alertam pessoas visualmente ou por meio da vibração.

Dispositivos para acordar: Uma luminária na cabeceira, uma luz estroboscópica, ou um vibrador podem ser adicionados a um relógio de alarme. Atualmente, o relógio ativa o sinal de alarme, que por sua vez faz a luz acender, o vibrador soar ou mover a estrutura da cama, acordando a pessoa.
Dispositivos para fogo ou choro do bebê: Diversos instrumentos estão disponíveis para monitorar os detectores de fumaça ou o choro do bebê em outro ambiente. É possível instalar um botão que converte esses sons específicos em estímulos visuais ou vibradores em toda a casa.

ESCUTA EM GRUPOS

Muitas pessoas com surdez têm dificuldade de ouvir e entender na presença de ruídos no ambiente. A escuta em grupos ou reuniões pode ser afetada pela interferência de ruídos, reverberação no ambiente e distância entre ouvinte e falante. Há vários sistemas que permitem que o ouvinte coloque um microfone perto do falante. Os melhores sistemas usam transmissão FM, mas um método alternativo é usar uma conexão direta (por fios) de microfones remotos. Esses dispositivos são especialmente úteis em reuniões e conferências.

PROGRAMA CÃO OUVINTE

Muitos programas com cães foram desenvolvidos. Um cão ouvinte pode ser útil para um adulto com uma perda auditiva grave ou profunda e que more sozinho.
Os cães não são treinados como cães de guarda mas são treinados para alertar o indivíduo para sons específicos, como alarme, campainha e batida na porta, telefone, choro do bebê ou detector de fumaça.

Há muitos programas com cães ouvintes disponíveis.

APARELHOS AUDITIVOS

Os aparelhos auditivos podem ser usados como instrumentos ao nível da orelha ou como aparelhos do tipo corporal. Aparelhos ao nível da orelha podem ser incorporados nos óculos ou usados atrás da orelha. Há também aparelhos auditivos que podem ser projetados no molde da orelha e inseridos inteiramente nela. Aparelhos auditivos corporais, em geral, têm maior potência na amplificação do som e são usados em pessoas com surdez grave ou profundo.
Os aparelhos usados em ambas as orelhas são chamados aparelhos auditivos binaurais. Há uma série de vantagens para o paciente no uso de aparelhos em cada orelha. O uso em ambas as orelhas permite ao paciente ter uma audição equilibrada, com a fala sendo percebida com o mesmo volume nas duas orelhas. Isso irá permitir a localização do som. A vantagem mais importante, porém, é que a maioria dos usuários de aparelhos auditivos conseguem entender a fala em um ambiente com ruídos muito melhor do quando um aparelho é usado apenas em uma orelha. Além disso, usar dois aparelhos resulta em um aumento significativo no volume do som devido à adição das duas orelhas.
Em muitos casos, os aparelhos auditivos podem ser usados para aliviar ou controlar o zumbido angustiante. A amplificação do aparelho auditivo pode mascarar efetivamente (evitar que o usuário ouça) o zumbido.
O aparelho auditivo CROS é disponível para pessoas com uma perda auditiva em apenas uma das orelhas. Esse aparelho seleciona o som que se origina do lado com audição fraca e transmite o som para a orelha com melhor audição. O aparelho CROS pode ser usado em unidades atrás da orelha ou em óculos.

ZUMBIDO

O zumbido é comum. Pode ser intermitente ou constante, leve ou grave, e varia de um chiado baixo para um som de alta-frequência. Pode ser subjetivo (audível apenas pelo paciente) ou objetivo (audível por outras pessoas). Pode estar associado ou não a um comprometimento auditivo.

O zumbido deve sempre ser considerado como um sintoma e não uma doença, assim como a doença em um braço ou perna é um sintoma e não uma doença. Como a função do nervo auditivo é carregar o som, quando está irritado por alguma causa, o cérebro interpreta esse impulso como um ruído. Esse fenômeno é similar às sensações nervosas em outros locais. Quando se belisca a pele, dói porque os nervos estimulados carregam a sensação de dor.

O zumbido pode ser acompanhado ou não por um comprometimento auditivo. A audição é medida em decibéis (dB). Um nível de audição de 0 a 25 dB é considerado normal para a conversação.

TRATAMENTO

Se o exame revelar uma causa local ou geral para o zumbido, a correção do problema pode aliviar o zumbido. Na maioria dos casos, porém, não há tratamentos médicos ou cirúrgicos que possam eliminar o zumbido.

Medidas gerais
1. Evite todas as formas de som alto. Se tiver de se expor, use protetores, como fones de ouvido ou protetores de orelha. Se sofrer exposição a certos sons que aumentam o zumbido, procure não repetir essa experiência.
2. Esforce-se ao máximo para evitar a ansiedade, pois apenas estimula um sistema auditivo já tenso.
3. Tente descansar adequadamente e evite se sobrecarregar.
4 O uso de estimulantes nervosos deve ser evitado. Por isso, quantidades excessivas de café (cafeína) e fumo (nicotina) devem ser evitadas.
5. Aceite o mais rápido possível a existência do zumbido como uma realidade irritante e em seguida rapidamente ignore-o rapidamente o máximo possível.
6. O zumbido não causa surdez, loucura ou morte, então imediatamente esqueça esses pensamentos que o distraem e apavoram.
7. O zumbido geralmente é mais acentuado ao se deitar quando o som no ambiente diminui. Qualquer ruído no ambiente, como o ruído alto do relógio ou do rádio, vai servir para mascarar os ruídos irritantes e deixá-los menos perceptíveis.
8. Ao dormir em uma posição elevada com um ou dois travesseiros, haverá menos congestão para a cabeça e o zumbido pode ser menos perceptível.
9. Vários tipos de sedativos podem ser usados para uso ocasional e alívio temporário.

Aparelho auditivo
Quando o zumbido está associado a um comprometimento auditivo, ainda que leve, o uso de um aparelho auditivo na orelha envolvida é frequentemente muito eficaz na redução da consciência do zumbido ao “mascarar” o zumbido.
Treinamento de biofeedback
O treinamento de biofeedback é eficaz na redução da intensidade do zumbido em alguns pacientes. O tratamento consiste em exercícios de biofeedback em sessões de 1 hora, nas quais os pacientes aprendem a controlar a circulação em várias partes do corpo e relaxar os músculos da cabeça. Quando o paciente consegue esse tipo de relaxamento, o zumbido pode diminuir.

Mascaramento do zumbido
Em um indivíduo com surdez, o tratamento mais eficaz do zumbido é uso de aparelhos auditivos adequadamente colocados. O som ouvido pelo aparelho não apenas melhora a habilidade de perceber a fala, mas também torna o zumbido menos perceptível ao “mascarar” o zumbido interno.
Para indivíduos com audição normal, mas que são gravemente distraídos pelo zumbido, um mascarador de zumbido pode ser eficaz. Ele gera um ruído que evita que o usuário ouça seu próprio zumbido.
O mascarador de zumbido baseia-se no princípio de que a maioria dos indivíduos com zumbido conseguem tolerar melhor ruídos externos do que o zumbido interno. Tenta-se identificar a frequência (altura) do zumbido. Então, recomendamos um mascarador de zumbido que produz um ruído que corresponde a essa frequência.

Terapia de Habituação do Zumbido
Essa técnica é baseada na ideia de que o cérebro é flexível e pode adaptar-se a diferentes situações, o que é chamado de habituação. A terapia consiste em dois componentes: aconselhamento direto e treinamento apara aprender técnicas de enfrentamento mais eficazes e terapia de som.
A premissa da terapia é que, com o aconselhamento adequado, treinamento e compreensão, o cérebro consegue se habituar ou se acostumar a um padrão de som tanto para reduzir a ansiedade como para permitir o tirar o foco da atenção no zumbido. Nota-se que a reação negativa ao zumbido é amplamente uma resposta condicionada que pode ser mudada com intervenção. De acordo com Dr. Pawel Jastreboff, que desenhou o programa, ela pode ser 80% eficaz.

Para o componente da terapia de som, o paciente usa um tipo de dispositivo similar a um aparelho auditivo que apresenta um som suave na orelha, de modo que o paciente mal consegue ouvir tanto o zumbido quanto o som gerado. Essa terapia é combinada com técnicas de adaptação ensinadas durante as sessões de aconselhamento, permitindo que o cérebro passe a ignorar a importância do zumbido. As reais técnicas de aconselhamento são ensinadas regularmente por um profissional com treinamento especializado nessa área.

CONCLUSÕES

A via auditiva tem um dos mecanismos mais delicados e sensíveis do corpo humano. Como está diretamente associada ao sistema nervoso geral, suas respostas estão em proporção direta ao estado de ansiedade da pessoa envolvida.
Para que qualquer tratamento para o zumbido seja bem-sucedido, o paciente deve ter uma compreensão completa desse complexo de sintomas tão dolorosos.